Quem sou eu
Seguidores
Arquivo do blog
-
▼
2012
(68)
-
▼
novembro
(52)
- Cientistas criam ‘pele’ de plástico sensível ao to...
- Estudo diz que Groenlândia perde 200 bilhões de to...
- ‘Prefiro 10 hidrelétricas a uma nuclear’, diz mini...
- Pesquisadores da Embrapa desenvolvem alimento do f...
- Fontes limpas e renováveis correspondem a 83% da e...
- Batalhão Ambiental apreende 307kg de pescado ilega...
- BP pagará multa de US$ 4,5 bilhões por vazamento d...
- Prefeitura de Duque de Caxias/RJ é multada em quas...
- No DF, barulho de cigarras equivale ao de rua com ...
- Alguém tem coragem de suspender essa obra???
- O novo espaço virtual do Instituto Eco&Ação
- Ilha da Magia: a velha história do esgoto nas prai...
- Fiocruz e indústrias de fibrocimento fazem ação co...
- O que fazer com o lixo? por André Antunes
- Se aprovado, projeto de lei de SP garantirá vagas ...
- Mudança climática pode deixar 17% dos pandas sem c...
- Detentos do interior de São Paulo ajudam a recuper...
- Previsões mais graves sobre o aquecimento global p...
- Charlote e o vibrador
- Tecnologias sociais levam água potável à população...
- Baixa coleta limita escala industrial na produção ...
- Limpeza de locais de águas subterrâneas contaminad...
- Tokelau torna-se o primeiro território do mundo 10...
- Razões e estratégias do Ecossocialismo
- Brasil está pouco preparado para mudanças climáticas
- Em PE, mais de 20 cabeças de gado morrem, por dia,...
- ONU alerta para quantidade de lixo urbano produzid...
- Camada de poluição provoca neblina na Índia
- De cada 100 L de água, 36 L se perdem até chegar n...
- Água pode ser um problema para 55% dos municípios ...
- Impactos dos resíduos de construção civil nos lote...
- Primeira usina de energia a partir de ondas já ope...
- Produção de parques eólicos aumentou 216% em três ...
- Chegada do homem a Marte pode ser ameaça para o pl...
- Brasil quer produzir biodiesel com resíduos pesque...
- Agrotóxico usado irregularmente contra ratos é pro...
- Pesquisa da Embrapa usa resíduos industriais para ...
- Cerca de 75% dos cemitérios públicos do país têm p...
- Atual emissão de gases deve elevar oceano em mais ...
- Estudo: alimentos causam quase 1/3 das emissões do...
- Concreto e outros produtos que se ‘autoconsertam’ ...
- Biocombustível, o equívoco suicida, artigo de Maur...
- Água Virtual: Brasil exporta cerca de 112 trilhões...
- Estreito. Nova hidrelétrica afeta vida de moradores
- Polícia apreende mais de 1 tonelada de carvão em r...
- Brasil participa da construção de superobservatóri...
- Empresa britânica faz combustível a partir de ar e...
- Ibama autoriza início da operação da hidrelétrica ...
- Cultivo de soja em áreas recém-desmatadas da Amazô...
- Mais de 40 baleias encalham e morrem em ilha no Oc...
- Uma tonelada de peixes mortos aparece em praias do...
- Usina de Fukushima ainda pode estar vazando radiaç...
-
▼
novembro
(52)
domingo, 4 de novembro de 2012
Biocombustível, o equívoco suicida, artigo de Maurício Gomide Martins
Nossos assuntos em defesa do meio ambiente geralmente versam sobre a Terra, o todo, o planeta. Hoje, o foco de nossa conversa vai ser a terra, fração daquela mesma Terra, substância que em grande parte cobre a superfície dos continentes. É muito comum e conhecida de quase todos. Talvez por isso não se lhe dão a importante atenção que merece. Merece porque é o sustentáculo do habitat, no qual reina direta ou indiretamente, de toda a vida que conhecemos.
Partimos do princípio de que não existe milagre. Tudo que existe é efeito de alguma causa. Pois bem, façamos um exercício mental. Imaginemos que em um terreno de 1m² plantamos um grão de milho. Após, ocorrem alguns fatos notáveis, verdadeiros milagres da Natureza. A planta ali nascida suga do solo parte dos elementos químicos de que necessita para manter a vida. Do ar, retira outros que, em combinação com a energia solar, lhe dão condições de transformá-los em tecido ou estrutura preparatória para a reprodução, objetivo de sua existência. Produzidas suas espigas, são elas arrancadas e comidas por um homem, sobrando naturalmente toda a estrutura esquelética.
O normal seria esse cadáver vegetal ser mantido no local e, após, revertido aos elementos químico primários pela ação dos agentes microbianos, o que devolveria ao solo grande parte do que foi dali retirado. Mas, usualmente, em função dos interesses econômicos, ele é queimado, ou usado como ração de bovinos, ou tem outra destinação imprópria, o que é compreensível sob a concepção das estratégias econômicas, pois “tempo é dinheiro” e o local tem que ficar limpo para novo plantio.
Situação daquele terreno: ficou desfalcado em sais minerais correspondentes a um pé de milho, compreendida toda a sua estrutura e o produto final, as sementes – seus filhos. Nosso homem da labuta rural conhece bem esse fenômeno, mas apenas na sua conseqüência, quando diz: “esse terreno está cansado”, que traduzimos para “esse terreno está esgotado, desfalcado de elementos básicos, pobre, deficiente, imprestável, causado pela atividade agrícola intensiva, ambiciosa, desordenada e inconseqüente”.
De outro lado, o homem que se alimentou das espigas absorveu parte dos elementos de que tratamos e mandou para o esgoto o restante. Essa borra final foi levada pelos rios para a foz, onde se acumulou no leito subaquático. Resumo da história: com suas ações, o homem retira uma parte dos elementos químicos da terra e a acumula no oceano. Isso se chama transformar uma estrutura produtiva em outra estéril.
Esse é um exemplo de apenas um pé de milho. Imagine-se a realidade, que se assenta em cultivo de bilhões de plantas alimentícias temporárias. No conjunto, com muita gente, chuva em terra nua e máquinas como personagens, transformamos grande quantidade de elementos químicos, contidos na terra, em alimentos orgânicos. Eles nos são úteis porque nos mantêm vivos, mas que afinal são parte poluidora do ar e parte descartada no mar, num processo de irracional desperdício da matéria prima posta à nossa disposição pela Natureza. Esses elementos da terra são vida, sustentam a humanidade; não são energia para locomoção, finalidade contrária aos planos naturais.
O que é terra? É a rocha decomposta. Um conjunto de rochas leva aproximadamente 200 anos para se transformar, por desgaste, em uma camada de apenas 10 cm de terra. É um processo lento face à rapidez com que é convertida e esbanjada pela cobiça do sistema econômico.
Transformar os recursos naturais da terra em alimento tem a sua justificativa, não obstante a agricultura moderna empregar ações imediatistas inteiramente irracionais. Mas transformar alimento em combustível (energia locomotora) é o paroxismo da irracionalidade. Àqueles que seguem os ensinamentos religiosos, esses objetivos se constituem em verdadeiro pecado. Deixa Deus saber disso!
Enquanto temos, segundo as últimas estatísticas, 1,5 milhões de pessoas passando fome, estamos preocupados com o deslocamento desnecessário de bens e pessoas, isto é, com o conforto que fermenta o individualismo e gera lucro ao sistema econômico.
Alega-se que o petróleo é esgotável e o biocombustível, não. Como procuramos arrazoar acima, o simples cultivo de plantas alimentícias já é, em si, sumamente esgotável; agora para a produção de biocombustível o é mais ainda. E muito mais destrutível, pois pede áreas imensas de terra para cultivo, provocando rápido esgotamento e maior desnudamento desses espaços. Tudo em nome dos objetivos do ganha-ganha do sistema econômico da atual civilização.
Pois que se esgotem os recursos petrolíferos que são subterrâneos e desnecessários à vida, mas se preservem os recursos naturais dos seres vivos, postos em função da necessidade básica de sobrevivência. Todos os povos primitivos cultuavam a terra como a uma deusa, reconhecendo-a como a doadora de vida. Que profunda sabedoria! Nós, os homens modernos inteligentes e donos das verdades, a tratamos com desprezo e degradação, deixando-a sem a pele protetora (desmate), com chagas deformantes (mineração) e esterilidade irreversível (desertificação). É o mesmo que desprezar a vida na sua expressão universal.
Nesse quadro de loucuras e desgoverno do planeta, enxergamos o momento em que teremos motoristas sentindo imensa fome, mas alegres e satisfeitos por estarem dirigindo em alta velocidade – rumo ao suicídio – um último modelo de automóvel movido pelo que lhe falta no estômago.
Maurício Gomide Martins, 82 anos, ambientalista e articulista do EcoDebate, residente em Belo Horizonte(MG), depois de aposentado como auditor do Banco do Brasil, já escreveu três livros. Um de crônicas chamado “Crônicas Ezkizitaz”, onde perfila questões diversas sob uma óptica filosófica. O outro, intitulado “Nas Pegadas da Vida”, é um ensaio que constrói uma conjectura sobre a identidade da Vida. E o último, chamado “Agora ou Nunca Mais”, sob o gênero “romance de tese”, onde aborda a questão ambiental sob uma visão extremamente real e indica o único caminho a seguir para a salvação da humanidade.
Partimos do princípio de que não existe milagre. Tudo que existe é efeito de alguma causa. Pois bem, façamos um exercício mental. Imaginemos que em um terreno de 1m² plantamos um grão de milho. Após, ocorrem alguns fatos notáveis, verdadeiros milagres da Natureza. A planta ali nascida suga do solo parte dos elementos químicos de que necessita para manter a vida. Do ar, retira outros que, em combinação com a energia solar, lhe dão condições de transformá-los em tecido ou estrutura preparatória para a reprodução, objetivo de sua existência. Produzidas suas espigas, são elas arrancadas e comidas por um homem, sobrando naturalmente toda a estrutura esquelética.
O normal seria esse cadáver vegetal ser mantido no local e, após, revertido aos elementos químico primários pela ação dos agentes microbianos, o que devolveria ao solo grande parte do que foi dali retirado. Mas, usualmente, em função dos interesses econômicos, ele é queimado, ou usado como ração de bovinos, ou tem outra destinação imprópria, o que é compreensível sob a concepção das estratégias econômicas, pois “tempo é dinheiro” e o local tem que ficar limpo para novo plantio.
Situação daquele terreno: ficou desfalcado em sais minerais correspondentes a um pé de milho, compreendida toda a sua estrutura e o produto final, as sementes – seus filhos. Nosso homem da labuta rural conhece bem esse fenômeno, mas apenas na sua conseqüência, quando diz: “esse terreno está cansado”, que traduzimos para “esse terreno está esgotado, desfalcado de elementos básicos, pobre, deficiente, imprestável, causado pela atividade agrícola intensiva, ambiciosa, desordenada e inconseqüente”.
De outro lado, o homem que se alimentou das espigas absorveu parte dos elementos de que tratamos e mandou para o esgoto o restante. Essa borra final foi levada pelos rios para a foz, onde se acumulou no leito subaquático. Resumo da história: com suas ações, o homem retira uma parte dos elementos químicos da terra e a acumula no oceano. Isso se chama transformar uma estrutura produtiva em outra estéril.
Esse é um exemplo de apenas um pé de milho. Imagine-se a realidade, que se assenta em cultivo de bilhões de plantas alimentícias temporárias. No conjunto, com muita gente, chuva em terra nua e máquinas como personagens, transformamos grande quantidade de elementos químicos, contidos na terra, em alimentos orgânicos. Eles nos são úteis porque nos mantêm vivos, mas que afinal são parte poluidora do ar e parte descartada no mar, num processo de irracional desperdício da matéria prima posta à nossa disposição pela Natureza. Esses elementos da terra são vida, sustentam a humanidade; não são energia para locomoção, finalidade contrária aos planos naturais.
O que é terra? É a rocha decomposta. Um conjunto de rochas leva aproximadamente 200 anos para se transformar, por desgaste, em uma camada de apenas 10 cm de terra. É um processo lento face à rapidez com que é convertida e esbanjada pela cobiça do sistema econômico.
Transformar os recursos naturais da terra em alimento tem a sua justificativa, não obstante a agricultura moderna empregar ações imediatistas inteiramente irracionais. Mas transformar alimento em combustível (energia locomotora) é o paroxismo da irracionalidade. Àqueles que seguem os ensinamentos religiosos, esses objetivos se constituem em verdadeiro pecado. Deixa Deus saber disso!
Enquanto temos, segundo as últimas estatísticas, 1,5 milhões de pessoas passando fome, estamos preocupados com o deslocamento desnecessário de bens e pessoas, isto é, com o conforto que fermenta o individualismo e gera lucro ao sistema econômico.
Alega-se que o petróleo é esgotável e o biocombustível, não. Como procuramos arrazoar acima, o simples cultivo de plantas alimentícias já é, em si, sumamente esgotável; agora para a produção de biocombustível o é mais ainda. E muito mais destrutível, pois pede áreas imensas de terra para cultivo, provocando rápido esgotamento e maior desnudamento desses espaços. Tudo em nome dos objetivos do ganha-ganha do sistema econômico da atual civilização.
Pois que se esgotem os recursos petrolíferos que são subterrâneos e desnecessários à vida, mas se preservem os recursos naturais dos seres vivos, postos em função da necessidade básica de sobrevivência. Todos os povos primitivos cultuavam a terra como a uma deusa, reconhecendo-a como a doadora de vida. Que profunda sabedoria! Nós, os homens modernos inteligentes e donos das verdades, a tratamos com desprezo e degradação, deixando-a sem a pele protetora (desmate), com chagas deformantes (mineração) e esterilidade irreversível (desertificação). É o mesmo que desprezar a vida na sua expressão universal.
Nesse quadro de loucuras e desgoverno do planeta, enxergamos o momento em que teremos motoristas sentindo imensa fome, mas alegres e satisfeitos por estarem dirigindo em alta velocidade – rumo ao suicídio – um último modelo de automóvel movido pelo que lhe falta no estômago.
Maurício Gomide Martins, 82 anos, ambientalista e articulista do EcoDebate, residente em Belo Horizonte(MG), depois de aposentado como auditor do Banco do Brasil, já escreveu três livros. Um de crônicas chamado “Crônicas Ezkizitaz”, onde perfila questões diversas sob uma óptica filosófica. O outro, intitulado “Nas Pegadas da Vida”, é um ensaio que constrói uma conjectura sobre a identidade da Vida. E o último, chamado “Agora ou Nunca Mais”, sob o gênero “romance de tese”, onde aborda a questão ambiental sob uma visão extremamente real e indica o único caminho a seguir para a salvação da humanidade.
Fonte: EcoDebate
Assinar:
Postar comentários
(Atom)
Postagens populares
-
O esgoto doméstico pode se tornar um aliado da agricultura. Pesquisadores da Universidade Federal Fluminense (UFF) estão desenvolvendo um ad...
-
Mais da metade dos municípios brasileiros pode ter problemas com o abastecimento de água ou dificuldade para receber água de boa qualidade n...
-
Cientistas do Instituto Max Planck, na Alemanha, decodificaram, pela primeira vez, os mecanismos neurais relacionados ao reflexo de repulsa ...
-
Ana Echevenguá* “Plante para o planeta, plante para as pessoas. Plantar árvores é um jeito simples de proteger e apoiar o meio ambiente, a a...
-
Cientistas estão descobrindo que as cidades aquecem até 2°C em um raio de mil quilômetros a seu redor Você não precisa viver em uma cidade –...
-
‘Tá’ legal, já entendi essa historinha toda de “colocar o lixo no lixo”. Agora, podemos e devemos mesmo separar o lixo orgânico do recicláve...
-
A energia que vem do balanço das ondas – Ainda de forma experimental, a primeira usina da América Latina a funcionar com a força das ondas d...
-
Dezesseis anos após a entrada em vigor da Lei das Águas (Lei Nº 9.433, de 8 de janeiro de 1997), uma das principais inovações da legislação ...
-
Os aterros sanitários brasileiros possuem um potencial energético suficiente para gerar eletricidade a 1,5 milhão de pessoas. São 280 megawa...
-
A construção da hidrelétrica de Estreito (MA), inaugurada neste mês pela presidente Dilma Rousseff, forçou ex-moradores de áreas afetadas pe...
0 comentários:
Postar um comentário