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sexta-feira, 29 de março de 2013
Brasileira recebe prêmio da Unesco por estudo com moléculas de água
A física brasileira Marcia Barbosa recebeu nesta quinta-feira (28) um dos cinco prêmios L’Oréal-Unesco 2013 para Mulheres e Ciência, por sua descoberta de uma anomalia na água “que poderá levar a uma melhor compreensão do mecanismo de dobramento de proteínas, essencial para o tratamento de certas doenças”.
O prêmio, que foi criado em 1998 e oferece US$ 100 mil (R$ 200 mil) para cada ganhadora, busca reconhecer e promover mulheres da área científica, sob a premissa de que “o mundo precisa de ciência, e a ciência precisa das mulheres”.
Professora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Marcia chegou a esse resultado de maneira indireta, quando analisava o DNA com fins curativos. A física se deu conta de que a água apresentava algumas anomalias em seu comportamento que deveriam ser levadas em conta no estudo, já que repercutiam no resultado final. Ela, então, começou a investigar essas variações e a influência da temperatura e da pressão do líquido sobre o modelo.
“Nosso ponto de partida foi perguntar por que a água tem comportamentos diferentes aos de outros líquidos”, explicou Marcia à agência Efe, citando como exemplo o fato de que, na versão sólida, a água flutua na superfície, enquanto outros elementos, se forem solidificados (como o ferro fundido), afundam.
Assim, a professora se deu conta de que precisava “entender a água para poder entender como operavam as moléculas biológicas e o próprio DNA”, o que segundo ela permitiria “fazer melhores modelos para os sistemas biológicos” e poderia facilitar estudos beneficentes na medicina.
Além da brasileira, foram premiadas a africana Francisca Nneka Okeke, por sua contribuição no entendimento das variações cotidianas das correntes iônicas na alta atmosfera, e a britânica Pratibha Gai, por ter iniciado uma nova técnica de visualização das reações químicas dos átomos.
Também receberam prêmios a japonesa Reiko Kuroda, “pela explicação da diferença funcional entre moléculas ‘canhotas’ e ‘destras’”, e a americana Deborah Jon, por ter conseguido esfriar as moléculas até que pudessem ser observadas reações químicas lentas.
A diretora geral da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), Irina Bokova, destacou em seu discurso as cinco cientistas “excepcionais” que, segundo ela, mostram que “a excelência na ciência não está reservada aos homens”.
Irina lamentou, no entanto, que as mulheres representem menos de 30% dos físicos, engenheiros e cientistas em todo o mundo, e ocupem apenas 12% dos postos de tomada de decisões relativos à ciência nas universidades e no setor privado.
“As regras do jogo são feitas pelos homens”, disse Marcia Barbosa, para quem o estereótipo de “pessoa agressiva” dos cientistas não se ajusta às mulheres, “que fogem de beligerâncias e esperam que alguém as promova”, em vez de impor sua candidatura.
O prêmio dela e os das outras quatro mulheres elevam para 77 o número total de cientistas premiadas desde o início dessa iniciativa da Unesco e da L’Oréal, que conta com uma rede de 1.700 pesquisadores de 108 países e um programa de mais de 250 bolsas de estudos anuais
para favorecer a igualdade de gêneros.
Fonte: G1
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